Um dos diferenciais do Time Brasil em Paris 2024 foram as duas éguas Brasileiras de Hipismo (BH), nascidas e formadas no Brasil: Primavera Império Egípcio, criação do Haras Montana e propriedade do Haras Império Egípcio e Miss Blue, criação do Haras Rosa Mystica e propriedade de Thalita Olsen de Almeida da Blue-Saint-Blue Farm. Ambas fizeram bonito em Paris, mas com um desvio de Miss Blue na qualificativa individual, na condução de Yuri Mansur, somente Primavera, apresentada por Stephan Barcha, avançou para final olímpica e chegou pertinho do pódio.
Entre 30 conjuntos top mundiais apenas três zeraram o percurso da decisão individual em Paris 2024, em 6/8, levando ao desempate para definição das medalhas. Outros oito conjuntos fecharam o percurso inicial, a 1.60m, com apenas um derrube. Stephan e Primavera com o segundo melhor tempo entre os oito conjuntos com apenas uma falta arremataram o 5º posto. "Sem dúvida, foi o percurso mais difícil da minha vida, 15 obstáculos, dois duplos, um triplo, a 1.65m, rio, tudo que você pode imaginar da parte técnica", destacou Stephan, opinião compartilhada pelo campeão olímpico, o alemão Christian Kukuk montando Cheker, único a zerar o desempate que também considerou o percurso o mais difícil em sua carreira.
"O sentimento é de que fiquei muito perto do sonho da medalha olímpica. Esse esporte que a gente escolheu, sem dúvida, é dos mais difíceis. Estou muito orgulhoso de todo processo, da minha égua, sem ela seria impossível estar aqui. Ela é uma égua fantástica, nasceu no Brasil, fiz todos os processos de crescimento dela. Terminar em 5º foi quase, mas foi detalhe e grandioso", comemorou Stephan, 34.
"Comecei a montar a Primavera aos seis anos. Fomos subindo degrau por degrau. Somos bicampeões brasileiros Senior Top, vencemos os principais GPs no Brasil, como entre outros, o GP Indoor na Hípica Paulista, fomos campeões pan-americanos e prata individual e ouro por equipes no Sul-americano 2022 e já tivemos ótimos resultados nos principais GPs na Europa. Ela saltou a maior parte da carreira dela no Brasil. Agora está na Europa há um ano e meio, pois preferi me preparar na Europa assim como para o Pan. Hoje estar em uma final olímpica e chegar em 5º, com uma égua feita e criada em casa, é um dia para os cavaleiros e criadores brasileiros terem muito orgulho", enfatizou Stephan, melhor resultado do hipismo brasileiro em uma Olimpíada desde 2004.
Sobre Brasileiros de Hipismo em Olimpíadas e resultados do Time Brasil
A primeira participação de cavalos da raça Brasileira de Hipismo (BH), studbook da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo de Hipismo (ABCCH), em Jogos Olímpicos foi em Los Angeles, em 1984, com MC Alpes, da Coudelaria MC, montaria de Marcelo Blessmann. Nos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996 veio a primeira medalha de bronze por equipes com Rodrigo Pessoa montando Tom Boy, Álvaro Afonso de Miranda Neto, o Doda, montando Aspen, André Johannpeter e Calei Joter e Felipe de Azevedo com Cassiana Joter. Mas os Jogos também foram históricos com participação de quatro animais BH: Calei, Cassiana e Adelfus Joter (o último pela equipe Suíça) - de criação de Jorge Gerdau Johannpeter, do Haras Joter, do Rio Grande do Sul, e Aspen, criação do Haras Campos Salles, em São Paulo.
Em Sydney 2000, o Brasil conquistou o 2º bronze por equipes com Rodrigo Pessoa e Baloubet du Rouet, Luiz Felipe de Azevedo com Ralph, Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, com Aspen e André Johannpeter e Calei Joter, ou seja, novamente com dois BHs. Na disputa individual, Rodrigo com Baloubet sofreu a amarga desclassificação pertinho do ouro individual e André Johannpeter com seu BH Calei Joter conquistou a 4ª colocação - igualando seu feito ao do Gal Eloy Menezes, em 1952 - até então ambos com a melhor classificação individual na história. Na Rio 2016, Landpeter do Feroleto foi o BH integrante da equipe, com Stephan Barcha. Já o primeiro ouro individual coube mesmo à lendária dupla Rodrigo Pessoa e Baloubet du Rouet, em Atenas 2004, lembrando que primeiramente foi de prata. Com a eliminação de Waterford Cristal, montaria de Cian O'Connor, da Irlanda, devido a uma substância proibida, Rodrigo recebeu o ouro um ano depois, em uma cerimônia no Forte de Copacabana no Rio de Janeiro.
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Prêmio Brasil Olímpico, criado em 1999, premia os melhores atletas a cada ano. Confira quem foram os vencedores do hipismo em todas as edições. Premiação anual do COB será no Rio de Janeiro, em 11/12.
Em 36 anos do tradicional GP Troféu Roberto Marinho, pela sexta vez, a vitória ficou com uma amazona. Sagraram-se campeãs pela ordem Elizabeth Assaf, em 1993, Camila Mazza Benedicto, 2003, Loisse Garcia, 2007, Karina Johannpeter, 2009, Giulia Scampini, 2013, e agora Stephanie Macieira, em 2024.
GP Internacional, conquista maior do cavaleiro em sua carreira, em comemoração aos 86 anos da Sociedade Hípica Brasileira, também fechou o ranking anual brasileiro Senior Top (rendimento máximo). O cavaleiro olímpico Stephan Barcha, campeão do ranking em 2022, foi vice.
No sábado, 23, às 18h00, será definido o ranking brasileiro Senior Top, no GP Internacional Vinci Partners. No domingo, 24, o GP Troféu Perpétuo Roberto Marinho é a grande atração nos 86º Aniversário da Hípica Brasileira, no Rio. A entrada é franca.